Abraça-me. Quero ouvir o vento que vem da tua
pele, e ver o sol nascer do intenso calor dos nossos corpos. Quando me
perfumo assim, em ti, nada existe a não ser este relâmpago feliz, esta
maçã azul que foi colhida na palidez de todos os caminhos, e que ambos
mordemos para provar o sabor que tem a carne incandescente das estrelas.
Abraça-me. Veste o meu corpo de ti, para que em ti eu possa buscar o
sentido dos sentidos, o sentido da vida. Procura-me
com os teus antigos braços de criança, para desamarrar em mim a
eternidade, essa soma formidável de todos os momentos livres que a um e a
outro pertenceram. Abraça-me. Quero morrer de ti em mim, espantado de
amor. Dá-me a beber, antes, a água dos teus beijos, para que possa
levá-la comigo e oferecê-la aos astros pequeninos. Só essa água
fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do universo, e eu
quero que delem fiquem a saber até as estrelas mais antigas e
brilhantes. Abraça-me. Uma vez só. Uma vez mais. Uma vez que nem sei se tu existes.
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