segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O meu Condão

 
Quis Deus dar-me o condão de ser sensível
Como o diamante à luz que o alumia,
Dar-me uma alma fantástica, impossível:
- Um bailado de cor e fantasia!

Quis Deus fazer de ti a ambrosia
Desta paixão estranha, ardente, incrível!
Erguer em mim o facho inextinguível,
Como um cinzel vincando uma agonia!

Quis Deus fazer-me tua... para nada!
- Vãos, os meus braços de crucificada,
Inúteis, esses beijos que te dei!

Anda! Caminha! Aonde?... Mas por onde?...
Se a um gesto dos teus a sombra esconde
O caminho de estrelas que tracei... 


Florbela Espanca

2 comentários:

  1. A Florbela Espanca tem «o condão» de me cansar (para além de me deprimir e aborrecer...)... Reconheço-lhe qualidade, muita, mas...

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