quarta-feira, 8 de maio de 2013




Decididamente as saudades não são como o clima. Quando está calor, não conseguimos imaginar como era quando tínhamos frio. Nem prever o que sentiremos novamente quando os termómetros baixarem. Da mesma maneira, teremos dificuldades em imaginar o que é ter calor quando trememos de frio na paragem do autocarro. Mas com as saudades é diferente....... conseguimos senti-las por antecipação, quando ainda temos a pessoa à nossa frente, estamos sentadas na cadeira do quarto que vamos deixar ou no banco do jardim que julgamos nunca mais voltar a ver. Sentimos o mesmo nó na garganta, a mesma sensação de que a vida não tem graça sem aquela pessoa e todos os outros sintomas que só os poetas a sério conseguem descrever sem serem pirosos ou lamechas. 
Há ainda as saudades "à posterior", se possível até mais esquisitas....... Às vezes só sentimos saudades da pessoa amada quando  lhe ouvimos a voz, o abraço outra vez, quando passo-lhe a mão pelo cabelo..... Ou as saudades que temos lá dentro, mas de que só nos apercebemos quando cheiramos determinado perfume ou cruzamos os olhos com alguém que nos lembra outro alguém...... É estranho, mas as saudades são estranhas. Decididamente não são como o frio e o calor.....

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